sexta-feira, 23 de agosto de 2013


                                  Gula

Temática das mais interessantes, presente no cotidiano do ser humano desde o início dos tempos, a gula figura entre os pecados capitais sendo propulsora de histórias magníficas.
Rezam as normas do “bom comportamento” e do catolicismo que o ser humano deve comer e beber o necessário para manter-se saudável sem dedicar-se a exageros ou “prazer nefastos”.
Quando li o conceito de gula formulado para um artigo no século XVII por um cidadão chamado Jaucourt que a definiu como: “um amor refinado e desregrado pela boa comida” percebi claramente e confesso isso sorrindo, que não consigo imaginar uma regra para se apreciar a boa comida, e ouso dizer que nem a expressão “boa comida” pode ser definida numa regra, mas que certamente por este conceito dele sou uma gulosa assumida.
Estou enamorada do livro de Florent Quellier chamado Gula a história de um pecado capital; como estou ainda a devorá-lo deixo por enquanto aqui somente alguns fragmentos absolutamente puros retirados dele, que já permitem entrever os relatos geniais que vão resultar dele.
Baseada no que li e segue abaixo, naturalmente ressalvadas as proporções, permito-me dizer que o bom mesmo... é o pecado!
 
 
 (...) O que é o jejum senão a imagem do céu? O jejum é o alimento da alma, o alimento do espírito, a vida dos anjos, a morte do pecado, o cancelamento das dívidas, o remédio da salvação, a raiz da graça, a base da castidade. Pelo jejum chegamos à Deus.

(...)Porta aberta aos assaltos do diabo, a boca está na encruzilhada entre o discurso e a assimilação. Alçada ao pecado capital, a gula torna-se responsável por pecados bem mais graves, às vezes mortais, tal como o acaloramento dos sentidos que conduz a luxúria. O excesso de bebidas e de comida, especialmente a carne e molhos picantes, excita o corpo e o espírito.

Um homem de natureza luxuriosa quando saboreia um prato condimentado comete incontinente o pecado carnal. As línguas se soltam, os corpos se tocam, a moral vacila. Forma gravíssima do pecado da gula a embriaguez pode conduzir a disputas, palavras obscenas ou blasfemas, a toques que levam a relações extraconjugais ou que tem objetivos outros que não a procriação. Potencialmente o guloso está na origem das desordens sociais.

(...) O termo glutão e seus derivados está sempre associado a depravação e libertinagem. Não só a gula é condenável pelo pecado original, como também conduz irremediavelmente á luxúria.

(...) Não é por acaso que a representação iconográfica do inferno, marcada pelo fogo, o aprisionamento e a fumaça, inspira-se no mundo das cozinhas.

 

 
Almoço de ostras Jean François de Troy Museu Condé  Chantilly

quinta-feira, 22 de agosto de 2013


Rolhas e o saca- rolhas

Os apreciadores de vinho sabem da importância destes dois itens, a rolha fala das características e da qualidade do vinho; enquanto o saca rolha se faz essencial na remoção adequada desta, conservando suas características e permitindo inclusive que esta possa ser guardada o que é uma prática bastante comum entre os amantes de vinho.

O primeiro registro do uso da cortiça como vedante em ampolas de vidro para conservação vinhos data do último século antes de Cristo e está no Museu de Enologia de Pessione na Grécia.

As primeiras rolha cilíndricas semelhantes as utilizadas atualmente, surgiram no século XVIII com Dom Pierre Pérignon. Elas começaram a ser fabricadas em 1750, mas  seu emprego como vedante de  garrafas só ocorreu em 1770. Sua popularização deu-se em 1840 a partir de sua industrialização. Inicialmente as rolhas possuíam um cordão fixo que possibilitava sua remoção através da tração.
Hoje existem rolhas de vários tipos e uso destas depende da tipificação do vinho de acordo com suas características e qualidade.
 Entre os materiais mais utilizados estão a insubstituível e  tradicional cortiça, as sintéticas e a tampa de rosca, chegando ao extremo de uma nova tendência que começa a despontar em alguns países, as ainda pouco conhecidas rolhas de vidro.



O saca- rolha tem sua primeira menção em 1681 e a patente de produção dele ocorreu em 1785 registrada por um Inglês chamado Samuel Henshall.

Em 1802 Edward Thomasson lançou os primeiros modelos de saca-rolha e já na metade do século ele era utilizado como saca-rolha de bolso.

Atualmente existem vários modelos de saca rolha, eu particularmente prefiro o Doble  Pull Corkscrew um manual bastante simples com dois estágios, porém extremamente eficiente.

 
O supermercado
A segunda curiosidade está no supermercado.
Para alguém como eu acostumada aos mimos da rede Zaffari e Bourbon é um susto.
A coisa começa pelo carrinho que fica preso por um sistema de segurança no estacionamento com uma espécie de trava que libera quando você insere uma moeda de um euro, quando você acaba as compras retorna o carrinho e pega sua moeda de volta, ou se você está com muita pressa, pode largar o carro em qualquer canto e abrir mão da moeda, esse sistema também é usado em alguns aeroportos e shoppings, é engraçado ver a expressão dos estrangeiros até entenderem como funciona o esquema, e eu me incluo aqui.

 
 
 
O caixa apenas registra as mercadorias e cobra, o resto é com você e não se assuste com o número de pessoas que levam suas sacolas, mochilas e carrinhos de compras para transportar as mercadorias adquiridas; por que o caixa vai perguntar se você quer sacola e quantas, e se você responder que sim, acredite ele vai te cobrar por elas.

Isso é cultural deles e está ligado ao uso consciente de sacolas plásticas, bem como o fato de que o consumidor agiliza a embalagem das mercadorias para que o próximo da fila não permaneça muito tempo nela.
Bons exemplos à seguir.

 
   
 


 
Viagens para outro país são caixas de pandora é exatamente isso que rende muitas histórias.
De carro
Depois de um período em Lisboa e tendo explorado tudo que foi possível no entorno de metro e de trem, resolvi seguir viagem e para isso loquei um carro, o processo é bastante simples, basta o passaporte a permissão internacional para dirigir e um cartão de crédito.
Como já havia pesquisado antes o funcionamento das estradas portuguesas solicitei na locadora o dispositivo de livre circulação da linha verde nas portagens eletrônicas, (pedágios) pois existem algumas autoestradas em Portugal em que o sistema de cobrança é exclusivamente eletrônico e não existem cabines para pagamentos como aqui no Brasil.
A passagem dos veículos é registrada eletronicamente, o dispositivo no pórtico detecta o instalado no carro e gera o valor referente a portagem que é paga posteriormente. No momento da locação quando você solicita o dispositivo assina um termo autorizando a locadora debitar em seu cartão o valor total referente a estas despesas, o que normalmente ocorre semanas após a viagem.
Os usuários deste sistema utilizam a chamada linha verde muito eficiente. As autoestradas exclusivamente eletrônicas estão sempre identificadas em seu início com a referência “Electronic toll only

 
 
 


 
De igual importância é a locação do GPS, não esqueça de checar os equipamentos de segurança, step e macaco além  pegar com o funcionário da locadora as informações sobre o tipo de combustível utilizado pelo veículo, geralmente é o gasóleo e coisas do tipo,  por que você é quem terá que abastecer o carro, já que na Europa postos de abastecimento são em sua maioria self service.
Não é complicado você digita no painel da bomba de combustível quanto quer pagar, insere a mangueira no tanque e pressiona o gatilho, quando atingir o programado ela trava. A maioria dos postos tem a loja para cobrar e caso não haja, existem máquinas para isso, basta escolher a forma de pagamento e finalizar a operação.
 


segunda-feira, 5 de agosto de 2013


Eu definitivamente adoro viajar, para perto ou longe, no Brasil ou fora dele... não importa.

O que gosto mesmo é me envolver com o processo de criar uma relação de interação com o novo, buscar o diferente, encantar-me, aprender.

A viagem começa quando busco um destino, ela pode nascer de uma  imagem,  um cheiro, um sentimento, uma música,  uma comida,  um filme, um livro

 ou simplesmente de  quando  pouso o olhar no atlas.

Ah! O atlas... que tanto amo.

É assim basta qualquer coisa que inspire!

Eu sou do tipo independente não gosto de pacotes, amo vasculhar um estado ou um país e ver o que quero conhecer, construir a viagem e depois desfrutar cada instante dela.

                                         Saio cedinho da cama.

Em minha opinião, nada melhor após uma noite bem dormida  do que um bom banho e um gostoso café da manhã para iniciar um longo dia, visto que quando estou em viagem costumo passar o dia todo percorrendo lugares que me interessam e retornar somente ao cair da noite; quando me permito novamente mergulhar em um delicioso banho para depois  desfrutar um belo jantar, acompanhado de bebidas locais e uma sobremesa divina.

Em função dessas minhas particularidades e horários mesmo que haja a possibilidade de hospedar-me na casa de amigos, prefiro os hotéis  e por se tratar de uma questão que envolve gosto pessoal  e para facilitar a avaliação do leitor, confesso: sou considerada pela família e pelos amigos uma pessoa exigente. Sinceramente não é nada de absurdo ou fora do comum, só sou um pouco cuidadosa com alguns aspectos.

Eu planejo e organizo todas as minhas viagens e não saio de casa sem possuir reserva de hotel e de carro caso este seja necessário.  Costumo fazer minhas reservas nacionais e internacionais sempre pelo http://www.booking.com ou direto com o hotel escolhido.

Sou cadastrada no booking e até o presente momento nunca tive problemas com o site  é absolutamente confiável e permite ao usuário após ter utilizado o serviços do hotel avaliá-lo. Estas avaliações  permanecem disponíveis para consulta quando se visualiza o hotel e estão agrupadas por categoria de usuário, leia estas informações elas podem ser de estrema utilidade já que refletem a opinião real de usuários dos estabelecimentos.

Eu geralmente viajo sozinha e este fato é determinante na escolha dos hotéis nos quais me hospedo. Explico: na fase de planejamento verifico quais e como são os hotéis do destino, opto sempre pelos localizados em zonas mais tranquilas e seguras, cercados por infraestrutura onde geralmente se hospedam famílias e usuários de uma faixa etária intermediária e de onde a locomoção é fácil.

Estes hotéis dificilmente  são os mais baratos considerando o público alvo a que se destinam, porém costumam ter um custo benefício muito elevado e ficam longe de serem exorbitantes.

A qualidade das acomodações, serviços e atendimento oscilam entre bom e ótimo, dificilmente este padrão de hotel é uma péssima escolha.

Mesmo que você não conheça o destino verifique na internet quais são as ruas principais que estejam de acordo com suas exigências e necessidades e busque a posição do hotel escolhido em relação a elas . Algumas vezes existem excelentes hotéis com preços ótimos, mas que ficam deslocados, não confie nas distâncias são geralmente aproximadas e no mapa tudo parece pertinho. Cruze as informações do mapa do booking com o Google maps  rua por rua para ter uma noção perfeita da distância das ruas principais e não ter surpresas desagradáveis.

Eu, não gosto de hotéis antigos não no sentido da edificação, bem pelo contrário já me hospedei em solares históricos maravilhosos. Porém tomo o cuidado de evitar aqueles que não passam por constantes renovações. Mesmo pela internet existem formas de avaliar, observe o banheiro: o estado das louças, metais, Box e banheira assim como a padronagem dos azulejos, estes itens certamente vão fornecer uma média de tempo da última reforma. E atenção banheiros com cortinas, a não ser que sejam parte de uma decoração vintage e estejam inseridos em um ambiente impecável, são sinal de alerta.

A qualidade dos colchões também pode ser problema em hotéis obsoletos, geralmente está em acordo com o restante do hotel, observe.

Se a reserva for para a Europa tome cuidado com a questão da internet, como as ligações internacionais tem um custo elevado o acesso gratuito é fundamental, pois a hora de conexão paga costuma ser exorbitante. No caso do booking esta informação está disponível no item comodidades, e em  98% das vezes corresponde a realidade, pois a informação é fornecida pelo hotel. Até o momento somente dois hotéis em que me hospedei a internet não funcionava no apartamento: um no Porto - Portugal e a outro em Paris -  França.

Atente também nas reservas internacionais ao café da manhã que muitas vezes não está incluso na diária.
Outro detalhe importante é a questão do cancelamento gratuito, ao pesquisar as tarifas, a menor delas geralmente em caso de cancelamento é cobrada parcialmente ou integralmente dependendo da época, se alta ou baixa estação.  Porém há uma modalidade com cancelamento gratuito com uma
pequena diferença de  valor que permite alterar e cancelar a reserva até 24 horas antes da data prevista para o check-in.

Se a sua viagem for livre, recomendo essa modalidade que permite uma flexibilidade maior nas suas estadas sem nenhum prejuízo, existem locais tão surpreendentes que você acaba querendo passar mais tempo do que o previsto. É absolutamente seguro fazer reservas pela internet, utilize sites conhecidos e recomendados, procure informações de pessoas que já hospedaram no estabelecimento e  examine com atenção todos os detalhes antes de confirmar a reserva.

Seguindo estes passos é só curtir a viagem e as delícias de estabelecimentos comprometidos com a política de acolhimento do bem receber.

Seguem indicações de alguns hotéis que utilizei em Portugal e que recomendo:


 

Casa da Sé em Viseu – Excelente


Hotel Mello Alvim em  Viana do Castelo – Excelente


Mercure  Centro em  Braga – Bom


 

Trindade Porto Hotel no Porto – Tolerável para quem está cansado.


Pontos negativos: internet não funciona no apto, a qualidade do colchão é ruim e há uma falha grave no staff, um bom front office é fundamental para qualquer estabelecimento hoteleiro.  


quinta-feira, 1 de agosto de 2013


Um dos tantos rituais pelo qual sou absolutamente apaixonada é o da alimentação.

Vejo-o como algo tão fantasticamente complexo e cercado de tantos elementos, que certamente será tema de muitas de minhas postagens.


O convite

 
Receber é em minha opinião um ato extremamente prazeroso, porém sou aquele tipo de pessoa que detesta surpresas. Gosto de preparar meu território cuidadosamente para  aqueles momentos únicos, onde desejo compartilhar meu espaço e minha atenção com pessoas queridas. E aí chegamos ao ponto de hoje: o convite.

Embora atualmente muitas pessoas o julguem cerimonioso e desnecessário a história do convite é fascinante e divertida, naturalmente devemos lembrar que as referências são de  uma outra época e que pouco se aplicaria a contemporaneidade.

Imprescindivelmente estes eram feitos por escrito e com antecedência mínima de três dias ao evento. O convidado tinha por obrigação retornar o convite, mesmo que com uma recusa e neste caso, ela deveria estar respaldada por razões absolutamente plausíveis. Se decorridas 24 horas a partir do recebimento do convite o anfitrião o presumia aceito.

Curiosidades: Levar um anfitrião a despesas inúteis consistia em uma grave ofensa, sendo que o não comparecimento a um convite anteriormente aceito era punível com a privação de convites gastronômicos ao indivíduo faltante, por um período de até três anos. Em casos extremos haviam até multas pecuniárias previstas.

[...] O convidado, trajado adequadamente, comparecerá, portanto, à hora fixada pelo convite, ao domicílio do anfitrião, munido de um apetite proporcional à reputação de que goza a mesa deste, e com as disposições de estômago, de coração e de espírito  necessárias para contribuir a toda consumação, ao encanto e ao prazer de um festim.[...]

Fragmento do livro Manual dos Anfitriões de Grimond de La Reynière
 

Eu nunca fui muito tecnológica, se é que esta, é a expressão correta.
Confesso que uso de redes sociais em minha vida é recente, na verdade começou mais efetivamente no ano passado, quando saí em viagem de férias e para manter contato com alguns amigos e por pura insistência destes criei um perfil no facebook.
Tamanha foi a minha surpresa ao perceber que depois da viagem, o acesso à tal ferramenta não apenas se tornou frequente, como também descobri páginas geniais que passei à acompanhar e por consequência em alguns dias fazer um número maior de publicações.
Como gosto muito de ler e adoro conteúdos sobre viagens, vinhos, livros, filmes, história, gastronomia e sobretudo da vida; resolvi ver de perto essa coisa dos blogs. Pois acabo gerando uma quantidade significativa de informações e admito, algumas vezes fico louca para as compartilhar e só não o faço por que fico policiando-me.
Acredito que informação é algo genial, mas deve ser algo de seu interesse e  você é quem deve buscar.
Então apesar de ainda não entender muito de blogs creio ser uma ferramenta genial, digo isso baseada na minha experiência, pois toda vez que penso em uma viagem ou em algo que me interessa saber mais, começo buscando um blog sobre o assunto.
Eis aqui meu começo, vamos ver como vai evoluir.